Exposição Colectiva Collective Exhibition
Bienal de Fotografia do Porto'21. Brotéria, Lisboa.
14.05.2021 — 27.06.2021
Neste período particular e atípico, é inevitável que se imponha uma reflexão acerca do momento global que atravessamos e no qual passámos a lidar quotidianamente com as dinâmicas do medo e da incerteza. A convivência com uma ameaça invisível, a demonstração da instabilidade dos sistemas e as alterações à forma como nos relacionamos voltaram a expor a vulnerabilidade da condição humana.
Convidada pela Ci.Clo a participar como curador na Bienal de Fotografia do Porto ‘21, a Brotéria convidou quatro artistas a abordarem com o seu trabalho esta acentuada relação com a fragilidade da própria experiência.
A exploração visual destas tensões entre vulnerabilidade e resiliência, solidez e fragilidade, luz e escuridão, morte e vida, este espaço aparentemente místico que oscila entre a força e a delicadeza tem uma longa história e uma simbologia recorrente. A tradição dos memento mori na pintura é composta pela representação dos objetos que remetem para a precariedade da vida - “lembra-te de que és mortal” - dizem a ampulheta, os vasos de vidro, as flores em decomposição.
Como que numa reinterpretação contemporânea destes símbolos, Alexandre Delmar, Catarina Botelho, Carla Cabanas e Duarte Amaral Netto mostram nesta exposição uma imersão sensível na abordagem estética da fragilidade e no próprio significado do sentir humano.
Através de imagem fotográfica, vídeo e som, podemos navegar esta antologia de sentires e alegorias, desenhados que são a partir da matéria do efémero, traçando um glossário de resiliência, detritos do dilúvio do tempo.
Texto por Matilde Torres Pereira
O ensaio fílmico-fotográfico "Adagiário ou Formas de Falar com Pássaros" apresenta a natureza frágil e resiliente das matérias, procurando um mapeamento ficcionado e tensionado do real. Este adagiário não procura revelar ou ocultar, mas potenciar um léxico que evoque possíveis compreensões do modo como somos e habitamos o tempo e o espaço. Talvez, com ele, seja possível comunicar com os pássaros.
Adágio I
Sobre apêndices
Adágio II
Sobre o corpo que nasce a morrer
Adágio III
Sobre a terceira língua, a que nasce no céu da boca
Adágio IV
Sobre as costas dos olhos
Adágio V
Sobre comer sopa e cuspir sangue
Adágio VI
Sobre os peixes que guardam os filhos na boca
Adágio VII
Sobre abismos onde cabe pouco
Adágio VIII
Sobre o sol ser a anormalidade do cosmos
Adágio IX
Sobre o apressar da crosta
Adágio X
Sobre aquele que fala com cabras mas só os pássaros respondem
Adágio XI
Sobre empurrar as lágrimas para dentro
Adágio XII
Sobre o tempo entre o relâmpago e o trovão
Ano year · 2021
Curadoria curation · BrotériA, Matilde Torres pereira
ARTISTAS ARTISTS · Alexandre Delmar, Carla Cabanas, Catarina Botelho, Duarte Amaral Netto
Texto text · BROTÉRIA, Matilde Torres pereira
SOM SOUND · JOSÉ ALBERTO GOMES
DESIGN GRÁFICO GRAPHIC DESIGN · MARIA RUIVO
Fotografia de exposição Exhibition photoGraphy · João Ferrand
GALERIA GALLERY · BROTÉRIA
Exposição Colectiva Collective Exhibition
Bienal de Fotografia do Porto'21. Brotéria, Lisboa.
14.05.2021 — 27.06.2021
Neste período particular e atípico, é inevitável que se imponha uma reflexão acerca do momento global que atravessamos e no qual passámos a lidar quotidianamente com as dinâmicas do medo e da incerteza. A convivência com uma ameaça invisível, a demonstração da instabilidade dos sistemas e as alterações à forma como nos relacionamos voltaram a expor a vulnerabilidade da condição humana.
Convidada pela Ci.Clo a participar como curador na Bienal de Fotografia do Porto ‘21, a Brotéria convidou quatro artistas a abordarem com o seu trabalho esta acentuada relação com a fragilidade da própria experiência.
A exploração visual destas tensões entre vulnerabilidade e resiliência, solidez e fragilidade, luz e escuridão, morte e vida, este espaço aparentemente místico que oscila entre a força e a delicadeza tem uma longa história e uma simbologia recorrente. A tradição dos memento mori na pintura é composta pela representação dos objetos que remetem para a precariedade da vida - “lembra-te de que és mortal” - dizem a ampulheta, os vasos de vidro, as flores em decomposição.
Como que numa reinterpretação contemporânea destes símbolos, Alexandre Delmar, Catarina Botelho, Carla Cabanas e Duarte Amaral Netto mostram nesta exposição uma imersão sensível na abordagem estética da fragilidade e no próprio significado do sentir humano.
Através de imagem fotográfica, vídeo e som, podemos navegar esta antologia de sentires e alegorias, desenhados que são a partir da matéria do efémero, traçando um glossário de resiliência, detritos do dilúvio do tempo.
Texto por Matilde Torres Pereira
O ensaio fílmico-fotográfico "Adagiário ou Formas de Falar com Pássaros" apresenta a natureza frágil e resiliente das matérias, procurando um mapeamento ficcionado e tensionado do real. Este adagiário não procura revelar ou ocultar, mas potenciar um léxico que evoque possíveis compreensões do modo como somos e habitamos o tempo e o espaço. Talvez, com ele, seja possível comunicar com os pássaros.
Adágio I
Sobre apêndices
Adágio II
Sobre o corpo que nasce a morrer
Adágio III
Sobre a terceira língua, a que nasce no céu da boca
Adágio IV
Sobre as costas dos olhos
Adágio V
Sobre comer sopa e cuspir sangue
Adágio VI
Sobre os peixes que guardam os filhos na boca
Adágio VII
Sobre abismos onde cabe pouco
Adágio VIII
Sobre o sol ser a anormalidade do cosmos
Adágio IX
Sobre o apressar da crosta
Adágio X
Sobre aquele que fala com cabras mas só os pássaros respondem
Adágio XI
Sobre empurrar as lágrimas para dentro
Adágio XII
Sobre o tempo entre o relâmpago e o trovão
Ano year · 2021
Curadoria curation · BrotériA, Matilde Torres pereira
ARTISTAS ARTISTS · Alexandre Delmar, Carla Cabanas, Catarina Botelho, Duarte Amaral Netto
Texto text · BROTÉRIA, Matilde Torres pereira
SOM SOUND · JOSÉ ALBERTO GOMES
DESIGN GRÁFICO GRAPHIC DESIGN · MARIA RUIVO
Fotografia de exposição Exhibition photoGraphy · João Ferrand
GALERIA GALLERY · BROTÉRIA