Exposição Colectiva Collective Exhibition
Espaço Mira, Porto
30.05.2020 — 27.06.2020
O espaço que levamos a olhar o outro e que o outro leva a olhar de volta. O outro habita no olho, no modo como a nossa retina assimila e liberta, desdita e se torna espelho. Olho espelho, vidente, medindo o espaço que dista entre os corpos, o lugar que ocupa essa distância é o lugar de encontro. Que lugar esse a que os corpos estão permitidos e que os corpos estão no espaço libertados. O modo como olhamos o outro, olhamo-nos no outro, olhamo-nos através do outro, a representação dos corpos é também ela medida pelo olho e pelo olhar, pela posição e modo como cada corpo se move ou se é permitido a mover.
Voltar a olhar-te (onde o criar habita), retoma a partilha dos corpos, a partilha do espaço físico, continuando além tempo e espaço no lugar onde o criar sempre habita pulsante. Retomar com uma coletiva revisitando universos criativos que acompanharam a programação do Espaço Mira durante este período desviante do ritmo social, sinaliza uma das emergências que socorrem a dinâmica presente e continuamente ativa na genética sintomática do Mira, pensando no modo como procura dar a ver: a forma como habita e vemos a representação dos corpos e dos lugares-mundo que partilhamos comunitariamente.
A sequência de universos criativos reunida nesta coletiva, permeabiliza essa emergência do corpo, ética e estética, forma e posição, género e direção, político e social, humano e animal. Que limites, vincos, desvios, a que barreiras vertiginosas estão subjugadas os corpos coletivos. Os pensamentos atmosféricos destas criações são lincados pelo modo como analisam as anamorfoses do corpo, as problemáticas estruturais, reclamando uma representação equitativa em procura de uma distância não distante. Que corpos se representam no mundo, quem representa, quem dá a ver, como iluminamos o corpo, qual a paisagem do corpo, são linhas fortes da matéria ardente destas formas, volumes, ações e imagens aqui reunidas.
O híbrido de Alexandre Delmar estatiza o corpo em queda numa condição volátil e frágil em que as formas e matérias do mundo se sustentam. O corpo verde que ainda bóia no resto do mar, é se não esse ser transitório, muro-queda, falência e falível, libertação e incontornável. Volume visceral, transgressor, interino e exterior, animado e inanimado. É este estado não binário da condição do mundo que as imagens fotográficas e a prática corrente de Alexandre reclamam. Por vir, a ser, por findar, por concluir, a latejar, atemporal.
Texto por João Terras
Ano year · 2020
Artistas artists · Alexandre Delmar, Álvaro Oliveira,
cunha pimentel, Miguel Teodoro, António Lago, BITCHO
Curadoria curation · José Maia e João Terras
Texto text · João Terras
Fotografia e vídeo Photography & video · Espaço Mira
GALERIA GALLERY · Espaço mira, Porto, Portugal
Exposição Colectiva Collective Exhibition
Espaço Mira, Porto
30.05.2020 — 27.06.2020
O espaço que levamos a olhar o outro e que o outro leva a olhar de volta. O outro habita no olho, no modo como a nossa retina assimila e liberta, desdita e se torna espelho. Olho espelho, vidente, medindo o espaço que dista entre os corpos, o lugar que ocupa essa distância é o lugar de encontro. Que lugar esse a que os corpos estão permitidos e que os corpos estão no espaço libertados. O modo como olhamos o outro, olhamo-nos no outro, olhamo-nos através do outro, a representação dos corpos é também ela medida pelo olho e pelo olhar, pela posição e modo como cada corpo se move ou se é permitido a mover.
Voltar a olhar-te (onde o criar habita), retoma a partilha dos corpos, a partilha do espaço físico, continuando além tempo e espaço no lugar onde o criar sempre habita pulsante. Retomar com uma coletiva revisitando universos criativos que acompanharam a programação do Espaço Mira durante este período desviante do ritmo social, sinaliza uma das emergências que socorrem a dinâmica presente e continuamente ativa na genética sintomática do Mira, pensando no modo como procura dar a ver: a forma como habita e vemos a representação dos corpos e dos lugares-mundo que partilhamos comunitariamente.
A sequência de universos criativos reunida nesta coletiva, permeabiliza essa emergência do corpo, ética e estética, forma e posição, género e direção, político e social, humano e animal. Que limites, vincos, desvios, a que barreiras vertiginosas estão subjugadas os corpos coletivos. Os pensamentos atmosféricos destas criações são lincados pelo modo como analisam as anamorfoses do corpo, as problemáticas estruturais, reclamando uma representação equitativa em procura de uma distância não distante. Que corpos se representam no mundo, quem representa, quem dá a ver, como iluminamos o corpo, qual a paisagem do corpo, são linhas fortes da matéria ardente destas formas, volumes, ações e imagens aqui reunidas.
O híbrido de Alexandre Delmar estatiza o corpo em queda numa condição volátil e frágil em que as formas e matérias do mundo se sustentam. O corpo verde que ainda bóia no resto do mar, é se não esse ser transitório, muro-queda, falência e falível, libertação e incontornável. Volume visceral, transgressor, interino e exterior, animado e inanimado. É este estado não binário da condição do mundo que as imagens fotográficas e a prática corrente de Alexandre reclamam. Por vir, a ser, por findar, por concluir, a latejar, atemporal.
Texto por João Terras
Ano year · 2020
Artistas artists · Alexandre Delmar, Álvaro Oliveira,
cunha pimentel, Miguel Teodoro, António Lago, BITCHO
Curadoria curation · José Maia e João Terras
Texto text · João Terras
Fotografia e vídeo Photography & video · Espaço Mira
GALERIA GALLERY · Espaço mira, Porto, Portugal