Exposição Colectiva Collective Exhibition
Museu Municipal de Vila Franca de Xira
08.05.2021 — 26.09.2021
"Deambulação e Itinerância" explora o carácter processual e performativo da fotografia. Centrando-se na interseção entre os atos de caminhar, observar e fotografar, esta exposição coletiva propõe-se considerar determinadas vivências – físicas, sensoriais, reflexivas –, associadas às práticas fotográficas realizadas durante trajetos por lugares que se habitam ou que são percorridos de passagem. Decorrentes de incursões por vários territórios e diversos ambientes, estes projetos tanto focam aspetos da arquitetura e objetos, como paisagens humanas de diversidade e heterogeneidade social. Podem ser espaços naturais, rurais, urbanos, semi-periféricos, paisagens vulgares, conhecidas, anónimas ou clandestinas, lugares de natureza ou função ambígua, monumentos improváveis, sem inscrição nem memória, ou formas construídas por mínimos gestos humanos. Em comum, partilham a condição de lugares à espera de ser revelados, objetos inspiradores de partilha, de um querer dar a ver.
A exposição articula-se em torno de realidades puramente visuais, dessas imagens que nos remetem para o mundo exterior e para a representação, mas também para uma melhor compreensão dos processos de trabalho dos artistas, e para a valorização da experiência de vida criativa, a qual implica experiências corporais e processos intelectuais. Com esta exposição, o espectador é convidado a sentir a experiência de quem fotografou, a combinar o olhar com uma projeção sobre a existência de um corpo em movimento, em deslocação no espaço, com um andar exploratório, errático ou estruturado.
Neste sentido, a mostra não foca apenas as qualidades visuais das imagens mas chama-nos a atenção para a dimensão sensorial, para aquilo que não podemos ver mas que podemos intuir através das imagens, as suas realidades sonoras, as sensações tácteis, os processos do pensamento, de indagação, de introspeção e contemplação, os diferentes graus de atenção. Assim, a mostra amplia o foco do discurso curatorial dos objetos artísticos para um discurso que inclui a receção e visualização das obras de arte.
Neste contexto, ganha igualmente relevância um diálogo com práticas fotográficas que partem do quotidiano visual e que consubstanciam paradoxais experiências de fuga e de encontro, provável ou improvável, intencional ou casual, partilhadas nos âmbitos profissional e amador da fotografia. No seu conjunto, as obras expostas podem considerar-se expressões tangíveis de geografias pessoais, experiências de liberdade e transformação, de fuga ao tempo produtivo, de construção e reconstrução subjetiva, num processo de contínua abertura ao mundo, reflexão sobre os lugares que vivemos e autoconhecimento e criação de universos pessoais.
Sejamos ou não fotógrafos, este exercício muito próprio da fotografia adquire outro entendimento e alcance quando, em período de confinamento devido à pandemia, o ritual quase diário de sair de casa e caminhar ganhou uma relevância quase terapêutica para todos nós.
Texto por Sandra Vieira Jürgens
Ano year · 2021
Artistas artists · Alexandre Delmar, CARLOS LOBO, LUIZA BALDAN, XAVIER PAES
Curadoria curation · Sandra Vieira Jürgens
Texto text · Sandra Vieira Jürgens
GALERIA GALLERY · Museu Municipal de Vila Franca de Xira
Exposição Colectiva Collective Exhibition
Museu Municipal de Vila Franca de Xira
08.05.2021 — 26.09.2021
"Deambulação e Itinerância" explora o carácter processual e performativo da fotografia. Centrando-se na interseção entre os atos de caminhar, observar e fotografar, esta exposição coletiva propõe-se considerar determinadas vivências – físicas, sensoriais, reflexivas –, associadas às práticas fotográficas realizadas durante trajetos por lugares que se habitam ou que são percorridos de passagem. Decorrentes de incursões por vários territórios e diversos ambientes, estes projetos tanto focam aspetos da arquitetura e objetos, como paisagens humanas de diversidade e heterogeneidade social. Podem ser espaços naturais, rurais, urbanos, semi-periféricos, paisagens vulgares, conhecidas, anónimas ou clandestinas, lugares de natureza ou função ambígua, monumentos improváveis, sem inscrição nem memória, ou formas construídas por mínimos gestos humanos. Em comum, partilham a condição de lugares à espera de ser revelados, objetos inspiradores de partilha, de um querer dar a ver.
A exposição articula-se em torno de realidades puramente visuais, dessas imagens que nos remetem para o mundo exterior e para a representação, mas também para uma melhor compreensão dos processos de trabalho dos artistas, e para a valorização da experiência de vida criativa, a qual implica experiências corporais e processos intelectuais. Com esta exposição, o espectador é convidado a sentir a experiência de quem fotografou, a combinar o olhar com uma projeção sobre a existência de um corpo em movimento, em deslocação no espaço, com um andar exploratório, errático ou estruturado.
Neste sentido, a mostra não foca apenas as qualidades visuais das imagens mas chama-nos a atenção para a dimensão sensorial, para aquilo que não podemos ver mas que podemos intuir através das imagens, as suas realidades sonoras, as sensações tácteis, os processos do pensamento, de indagação, de introspeção e contemplação, os diferentes graus de atenção. Assim, a mostra amplia o foco do discurso curatorial dos objetos artísticos para um discurso que inclui a receção e visualização das obras de arte.
Neste contexto, ganha igualmente relevância um diálogo com práticas fotográficas que partem do quotidiano visual e que consubstanciam paradoxais experiências de fuga e de encontro, provável ou improvável, intencional ou casual, partilhadas nos âmbitos profissional e amador da fotografia. No seu conjunto, as obras expostas podem considerar-se expressões tangíveis de geografias pessoais, experiências de liberdade e transformação, de fuga ao tempo produtivo, de construção e reconstrução subjetiva, num processo de contínua abertura ao mundo, reflexão sobre os lugares que vivemos e autoconhecimento e criação de universos pessoais.
Sejamos ou não fotógrafos, este exercício muito próprio da fotografia adquire outro entendimento e alcance quando, em período de confinamento devido à pandemia, o ritual quase diário de sair de casa e caminhar ganhou uma relevância quase terapêutica para todos nós.
Texto por Sandra Vieira Jürgens
Ano year · 2021
Artistas artists · Alexandre Delmar, CARLOS LOBO, LUIZA BALDAN, XAVIER PAES
Curadoria curation · Sandra Vieira Jürgens
Texto text · Sandra Vieira Jürgens
GALERIA GALLERY · Museu Municipal de Vila Franca de Xira